CARLA CHÁ E MATE

A maior expert de chás do mundo no Brasil é ela. O conhecimento que a Carla Saueressig tem sobre a bebida é tão impressionante que a guria passou a ser chamada – e identificada – como “a Carla do chá”!

Entre bruxarias que ela já nasceu sabendo e o que foi aprendendo, vendo e experimentando mundo afora, o resultado é esta Carla do Chá, uma mulher do século 21 que traz conhecimentos milenares de plantas e bebidas para nós, os sortudos que podem provar um bocadinho de sua sabedoria em cada xícara que serve. A Carla Chá e Mate @carlachaemate existe nas redes sociais e é a pessoa jurídica que promove aulas, eventos, cursos, treinamentos, consultorias, criação de blends, harmonizações com toda essa bagagem. A Carla pessoa física é a versão divertida, amorosa e maluca da mesma criatura que também está presente nas atividades profissionais. Não há como separá-las – ainda bem.

Carla é responsável por expandir a cultura do chá no país. Antes dela, tudo era mato. A gente bebia aquilo que nos mandavam tomar: camomila pra cólica, boldo pra dor de barriga, erva doce para alguma outra coisa, hortelã para a digestão. Não fazia mal e acreditávamos que fazia bem... mas não era chá. O chá era considerado um remédio, um paliativo sem contraindicação para alguns dos males do mundo. Era também – e continua sendo – um conforto, um gesto carinhoso feito para beber.  Mas hoje a gente sabe que chá é a bebida preparada com as folhas da Camelia sinensis, árvore nativa do Oriente e Asia, e que os chazinhos caseiros de ervas e flores são infusões. Primeiras lições da Carla. 

No final dos anos 1990, Carla inaugurou a franquia alemã Tee Gschwendner no Shopping Iguatemi em São Paulo, que logo em seguida passou a ser A Loja do Chá. Um lugar cheio de bossa, de gavetinhas, de peças lindas, de presentes combinados com chás de todo o mundo. Junto com os produtos, vinha a conversa envolvente recheada de causos e ensinamentos com que a Carla brindava a quem se entregasse a seus encantos de contadora de histórias. Ela tem milhares! O chá disputa com o café o lugar de segunda bebida mais consumida no planeta. O fato de ambos estarem nessa posição demonstra a importância que as duas bebidas têm para culturas tão diversas no Ocidente e Oriente sem serem excludentes. Quem bebe café pode gostar de beber chá e vice-versa. A propriedade inclusiva dos alimentos é essa, que também serve para resumir a personalidade que está na Carla do chá: o poder mágico de misturar conhecimento e pessoas ao redor de uma xícara. Por tudo isso mais seu carisma, sua inteligência veloz e curiosa, Carla é convidada a conhecer os chás no mundo e o mundo nos chás – tanto faz o percurso, ela vai. Já cruzou continentes, pisou nos campos de chás na Índia, China, Japão aprendendo e ensinando. Há cerca de 25 anos ela ministra o curso de Introdução aos Chás para o povo do vinho na ABS – Associação Brasileira de Sommeliers. Isso deve somar umas cinco mil pessoas tocadas por seu feitiço e ainda as frequentadoras de seus próprios cursos – muitas se tornaram sommelier de chás, categoria que Carla praticamente inventou no Brasil. Por essas e outras conheci sabores inesperados de chás, desenvolvemos receitas e esticamos conversas com cumbucas e livros na mão.

Há quatro anos ela criou a Academia Brasileira Chá e Mate @academiadechaemate, que assina formação, experiências, aventuras e viagens envolvendo também a erva-mate. Isso porque ela adotou o “chá brasileiro” como mais uma de suas especialidades. A guria nascida no interior do Rio Grande do Sul, criada em família alemã com tradição ambientalista e naturalista, conviveu com os costumes da cultura local, do frio, com as comunidades indígenas do entorno e a erva-mate se fundiu a seu DNA. Ela organiza expedições no Rio Grande do Sul, chamadas Caravana da Erva-mate, onde os participantes, turistas e profissionais do mercado do chá, vindos de todo o Brasil, e até do exterior, percorrem um roteiro incrível nos campos de erva-mate, às fábricas de beneficiamento, às lojas de produtos para o chimarrão, artesanato local, degustações com a erva nas preparações. 

Essa lenda de que o chá acalma era do tempo do chá de boldo, vai ver. O chá, aquele da Camelia Sinensis, que agora sabemos, tem cafeína em proporções que ora se equivalem ao café, ora o supera. Deve ter sido essa a poção onde essa guria de inacabável energia caiu, lá nos primórdios da civilização – a Carla do chá, minha admirável conterrânea, parceira e profissional. 


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